Corpo de prefeito de Jandira é velado em ginásio da cidade
Braz Paschoalin foi assassinado a tiros nesta sexta.
Polícia deteve quatro pessoas por suspeita no crime.
A primeira-dama de Jandira, Mara Paschoalin recebe condolências pela morte do marido, o então prefeito da cidade da Grande São Paulo, Braz Paschoalin, assassinado nesta sexta-feira (10).O corpo está sendo velado desde as 17h30 no ginásio de esportes do município, que recebe muitos moradores para prestar as últimas homenagens.
Paschoalin foi assassinado em frente a uma emissora de rádio, onde costumava ir às sextas-feiras para responder a perguntas de ouvintes. Até as 18h30, a polícia tinha detido para averiguação quatro pessoas por suspeita de envolvimento no crime.
Dois suspeitos foram detidos em Itapevi, também na região metropolitana, a 2km do local do crime, quando tentavam explodir um carro prata, pouco depois das 8h30, segundo a PM. De acordo com o delegado Marcos Carneiro, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), foram pedidos exames residuográficos para os quatro suspeitos. Se for confirmado resíduos de pólvora em algum deles, a polícia deverá pedir a prisão temporária. O resultado deve ser divulgado no final desta tarde.
Primeira-dama de Jandira, Mara Pashoalin (de
branco), no velório (Foto: Roney Domingos/ G1)
Segundo Carneiro, as investigações sobre as mortes de dois suplentes de vereadores - Waldomiro Moreira de Oliveira e Antonio Ivo Aureliano - de Jandira ocorridas este ano serão transferidas para a Delegacia Seccional de Carapicuíba, na Grande São Paulo, onde funciona o Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da região. O objetivo é apurar se os assassinatos dos suplentes têm ligação com a do prefeito.branco), no velório (Foto: Roney Domingos/ G1)
A Polícia Militar informou, inicialmente, que o motorista do prefeito também havia morrido. Mas um delegado confirmou que ele sobreviveu e estava internado em São Paulo.
O prefeito estava acompanhado de Wellington Martins, conhecido como Geleia, que trabalhava como segurança e motorista dele. O homem pode estar internado no Hospital das Clínicas de São Paulo, que recebeu no Helicóptero Águia da Polícia Militar um paciente com as características dele. No entanto, até as 18h, a a assessoria de imprensa do HC informava que o homem tinha a identidade desconhecida. Baleado na cabeça e com quadro considerado gravíssimo, ele saiu do centro cirúrgico no fim da tarde e permaneceria na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) sem previsão de alta.
Investigações
O delegado Marcelo Prado, da Seccional de Carapicuíba, também na Grande São Paulo, afirmou que não há sinais de que o prefeito tenha sido vítima de uma tentativa de roubo de carro. Para ele, trata-se de uma execução.
No carro do prefeito Braz Paschoalin é possível contar 19 perfurações (Foto: Juliana Cardilli)
Já o capitão Lycurgo de Freitas Henriques Júnior, da Polícia Militar, informou que os dois suspeitos presos em Itapevi – que têm passagem pela polícia por roubo – estavam tentando explodir o veículo prata apreendido. Os dois homens foram detidos a dois quilômetros do local do crime.“Pelo menos duas armas foram usadas nos disparos [contra o prefeito]. Foram identificados dois tipos de munição – 9 mm e de fuzil 5,5 mm, que tanto pode ser usada por um [fuzil] AR-15 quanto por uma [metralhadora] M-16”, informou o capitão Lycurgo.
Segundo ele, os dois suspeitos foram presos a 50 metros do carro, que estava encharcado de gasolina, com o motor ligado. Lycurgo acredita que a dupla iria explodir o veículo, que tinha marcas de tiros. Ao lado do carro havia cápsulas de munição de pistola 9 mm. Ainda segundo o capitão da PM, foram encontrados fios de cabelo dentro do carro prata, que serão comparados com o material coletado dos dois suspeitos. Eles foram encaminhados para a realização de exame residuográfico para verificar a existência de vestígios de pólvora.
Segundo sobrinho de Paschoalin, prefeito não era
ameaçado (Foto: Juliana Cardilli/G1)
Sem ameaçasameaçado (Foto: Juliana Cardilli/G1)
O caminhoneiro Kleber Lopes da Silva, de 30 anos, sobrinho de Braz Paschoalin, disse que seu tio não recebia ameaças e era uma pessoa querida pela população. “Por onde você andar em Jandira, só falam bem dele. Não há como a gente prever um crime desses. Que eu saiba, ele nunca recebeu ameaças”, afirmou Silva. “Inimigo todo mundo tem, mas ele não tinha nenhuma desavença pessoal.”
O corpo de Paschoalin será velado no Ginásio Central da cidade, segundo a Prefeitura de Jandira. Ainda não há a confirmação do início do horário do velório. A prefeitura decretou luto oficial por sete dias.
Terceiro mandatoSegundo informações disponíveis no site da Prefeitura de Jandira, Paschoalin estava em seu terceiro mandato como prefeito da cidade. Em 1976, foi eleito vereador, então com 28 anos. Em 1988, foi eleito prefeito pela primeira vez, administrando a cidade de 1989 a 1992. Ele reassumiu o cargo no período entre 1997 e 2000, e foi eleito novamente em 2008, tomando posse em 2009.
Durante o segundo mandato, Pascholin chegou a ser o prefeito com o maior salário do país. Em 2003, ele foi investigado por causa do sumiço de cem cheques da Prefeitura. Os cheques foram feitos em nome de várias pessoas e sacados de uma vez só. As assinaturas que endossaram os cheques eram falsificadas. A mulher do prefeito, Maria Helena, também foi investigada pelo Ministério Público por causa de despesas que o Tribuna de Contas do Estado de São Paulo considerou irregulares.
Em nota, o PSDB lamenta com "profundo pesar e indignação" a morte de Paschoalin, afirmando que ele foi "um exemplo de liderança na região", lutando "pelos avanços de Jandira ao longo de seus três mandatos à frente da prefeitura. Sua morte abrupta é uma perda inestimável para o PSDB e para o estado de São Paulo. As circunstâncias deste crime hediondo devem ser imediatamente apuradas e os culpados devidamente punidos", diz o texto.
No dia 20 de setembro, sete homens armados invadiram o prédio onde mora a filha do prefeito e um vereador, na Rua Henrique Sammartino, no bairro Anita Costa. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o grupo foi até à casa de um porteiro que trabalhava no edifício e rendeu ele, a esposa e um vizinho. Em seguida, foram até o prédio onde mora a filha de Paschoalin, renderam o porteiro e tentaram arrombar a porta do apartamento dela. A filha do prefeito e o marido seguraram a porta e os criminosos fugiram levando apenas a bateria do celular do porteiro rendido na portaria do edifício. Na época, a filha de Paschoalin disse à polícia que acreditava que os ladrões estavam atrás do dinheiro arrecadado em uma festa, em Jandira.
Em outubro, a filha de Paschoalin foi alvo de uma tentativa de sequestro. No final do ano passado, a casa do prefeito foi invadida por ladrões, que roubaram joias, dinheiro e agrediram a família dele.