Sistema penitenciário chileno é desumano, diz presidente após incêndio
O presidente chileno, Sebastián Piñera, disse hoje (08/12) que "o sistema penitenciário do Chile não é digno de seres humanos, de um país que trate de forma civilizada seus cidadãos". O lamento veio após um trágico incêndio na prisão de San Miguel, em Santiago, deixar ao menos 83 pessoas mortas e 21 feridas.Efe
Familiar entra em desespero após morte de parentes preso ser anunciada pela direção da penitenciária
Logo após as equipes de resgate anunciarem que havia vítimas fatais na cadeia, familiares dos presos se desesperaram e entraram em confronto com forças de segurança do lado de fora. O jornal La Tercera publicou relatos de parentes que afirmaram que num primeiro momento os bombeiros foram impedidos de ingressar no prédio - o incêndio começou após uma briga no quarto andar.
"Essa deve ser uma tragédia que nos ajude a corrigir nossos rumos, que ajude a melhorar a qualidade de vida das pessoas que estão privadas da liberdade", afirmou Piñera, de acordo com a agência argentina Télam. Segundo ele, cerca de 70% dos presídio chilenos estão superlotados.
Efe
Funcionário do governo é cercado por familiares em busca de informações sobre presos
Piñera afirmou que o governo iniciou em 15 de outubro um plano para modernizar a infraestrutura carcerária do Chile, com a construção de três prisões: uma em Antofagasta, outra em Concepción e a terceira em Talca. Além disso, disse que estão sendo planejadas prisões modulares e a melhoria das camas, do sistema de saúde, do regime de visitas e do programa de reinserção laboral.
Os deputados Hugo Gutierrez, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, e Guillermo Teiller, ambos do Partido Comunista do Chile (PCCh), questionaram o sistema carcerário do país.
Por sua vez, os deputados da Concertação de Partidos pela Democracia (CPD) Marco Antonio Núñez e Jorge Castro anunciaram que solicitarão a criação de uma comissão investigadora na casa legislativa para apurar as causas e responsabilidades do incidente.
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Popularidade
Após registrar 63% de aprovação popular, em grande parte influenciada pelo bem sucedido resgate dos 33 mineiros soterrados em uma mina no deserto do Atacama, Piñera agora concentra 50% de apoio, mostrou uma pesquisa divulgada no começo de dezembro.
"Passados o impacto e o entusiasmo suscitados pelo resgate, a população moderou a avaliação da gestão governamental. O presidente e o governo voltaram a ter níveis de aprovação semelhantes aos que foram mostrados antes do resgate", disse a empresa Adimark Gfk em comunicado.
Quanto ao índice de desaprovação do presidente, houve aumento de 10 pontos, chegando a 36%.