VOLÊNCIA NA LÍBIA DEIXOU 300 MORTOS, DIZ O GOVERNO

PAULO MELO CORUJA NEWS

Violência na Líbia deixou 300 mortos, diz governo

Segundo primeiros dados oficiais, 58 militares morreram em confrontos entre manifestantes opositores e forças de segurança líbias

iG São Paulo

Os atos de violência na Líbia deixaram 300 mortos, incluindo 58 militares, segundo os primeiros dados oficiais apresentados pelo regime de Muamar Kadafi desde o início dos protestos, há uma semana.


Foto: Reuters
Em Tobruk, opositores seguram placa que diz: A Líbia será livre e Kadafi estará fora
Cerca de metade das mortes ocorreram na segunda maior cidade do país, Benghazi, situada 1 mil km a leste de Trípoli e foco da insurreição.
Horas antes do anúncio oficial, Kadafi jurou em discurso transmitido pela televisão restabelecer a ordem, ameaçando massacrar a oposição.
A repressão contra as manifestações opositoras levou à renúncia de diversos diplomatas líbios e do ministro do Interior Abdel Fattah Younes al Abidi, que anunciou apoio à "Revolução 17 de fevereiro", segundo a Al-Jazeera. O canal exibiu imagens de um vídeo amador que mostrou Abidi em seu gabinete lendo um comunicado, que também exortou o Exército líbio a se juntar ao povo e às suas "demandas legítimas".
A renúncia aconteceu em meio ao sexto dia de confrontos entre manifestantes e forças de segurança durante protestos pela renúncia de Kadafi, há 42 anos no poder.
Discurso
No segundo pronunciamento em menos de 24 horas, Kadafi rejeitou nesta terça-feira deixar o país, prometendo combater os manifestantes que reivindicam sua renúncia e morrer como um "mártir". Gritando e falando com o punho fechado em um discurso de desafio na TV estatal, que pareceu ter sido gravado previamente, kadafi também conclamou seus partidários a expulsar das ruas os manifestantes que exigem sua renúncia.
Gritando, Kadafi se declarou "um guerreiro", proclamando: "A Líbia quer a glória, quer estar no cume do mundo. Sou um lutador, e morrerei como um mártir no final." "Ainda não ordenei o uso da força, não ordenei o disparo de uma única bala... quando o fizer, tudo queimará."
Kadafi ameaçou os opositores com uma resposta similar à usada em Tiananmen (a repressão na Praça Celestial, na China, em 1889) e de Fallujah (no Iraque), onde as tropas americanas teriam usado armas incendiárias de fósforo branco.
Ele conclamou seus partidários a sair às ruas para atacar os opositores. "Vocês homens e mulheres que amam Kadafi... saiam de suas casas e lotem as ruas", disse. "Saiam de suas casas e os ataquem em suas toques. A partir de amanhã saiam e os combatam."
"De hoje à noite para amanhã, todos os homens jovens deveriam formar comitês locais para a segurança popular", disse, pedindo que usem braçadeiras verdes para se identificar. "A população líbia e a revolução popular controlarão a Líbia."



O discurso de Kadafi, que apareceu envolto em um robe e turbante marrons, foi transmitido em um telão para centenas de partidários na Praça Verde, no centro de Trípoli. O local do pronunciamento é um pódium estabelecido na entrada de um prédio bombardeado que parece ser sua residência em Trípoli, que foi atacada por bombardeios dos EUA e deixada danificada como um monumento de desafio.
Em alguns momentos durante o discurso, a câmera focalizava um monumento dourado em frente do prédio, mostrando um punho destruindo um jato com uma bandeira americana nele.
Segundo Kadafi, covardes e traidores tentam retratar a Líbia em um caos, afirmando que os inimigos do país tentam prejudicar a imagem da nação. Kadafi afirmou que, como um líder revolucionário do país, tem de se sacrificar pela Líbia.
O pronunciamento foi feito enquanto aumentam os sinais de que o líder está perdendo apoio no país.
*Com AFP