PAULO MELO CORUJA NEWS
Djanira tinha 11 anos quando seu pai a levou para morar em São Paulo.
Com o 'coração na mão', a técnica de enfermagem Djanira Araújo Sanseriano, de 58 anos, saiu de São Paulo com as passagens pagas por uma amiga. Ela chegou a Maceió com a filha, Daniela Sanseriano, no último domingo (23) com um único propósito: encontrar a mãe que ela não via há quase meio século.
Assim que chegou, Djanira começou a procurar pela cidade. Foi ao bairro do Benedito Bentes, na parte alta da capital, e perguntou às senhoras que encontrava pela rua se alguma delas era a sua mãe. Não eram. Mesmo assim, não desistiu. Procurou pela orla da cidade com a ajuda de uma foto que recebeu da mãe na única correspondência que trocaram. O endereço e telefone que constavam na correspondência já não existiam mais. Em uma última tentativa, procurou a reportagem do G1.
A partir daí, foi fácil localizar o paradeiro da mãe de Djanira. Por coincidência - ou destino, Dona Tereza, a mãe, trabalha na casa de uma integrante do Conselho Estratégico das Organizações Arnon de Mello, Enaura Quixabeira. Uma das fotos que a filha tinha em mãos, era justamente da mãe ao lado da patroa, conhecida por nossa equipe.
As duas puderam contar uma à outra a trajetória de vida que tiveram desde o dia em que se separam. Apesar de não viverem juntas, a história de vida das duas é parecida. Elas foram separadas uma da outra porque José Sebastião Bispo, marido e pai, decidiu se casar com outra mulher.
Djanira foi morar com a irmã Djacyr, na casa da avó, quando tinha 5 anos. A mãe as visitava, até ser proibida pelo pai das meninas. Quando tinha 11 anos foi morar em São Paulo com a irmã e o pai. Ela foi obrigada a trabalhar como empregada doméstica ainda criança e entregar todo o salário para o pai.
"Eu tive um relacionamento muito difícil com o meu pai. Me casei em São Paulo, tive meus cinco filhos e depois me separei. Me registrei como filha de mãe solteira. Ele disse que não aceitava ter uma filha separada. Quando eu dava bênção, ele dizia 'Deus te dê vergonha'. Meu pai nunca deixou a gente ter contato com a minha mãe e nunca falou sobre ela. Mas ela é a minha vida,” conta Djanira.
“Morei com minha tia aos sete anos. Naquela época, já sabia cozinhar e engomar. Casei com o pai de Djanira aos 17. Lembro quando ele trazia amigos para casa e dizia para eu não ir até à sala. Me trancava no quarto e por lá ficava. Era sempre assim, até ele dizer que eu tinha que ir embora porque ia casar com outra mulher. Visitava minhas filhas, mas depois que ele proibiu, não as vi mais. Me casei de novo, separei. Moro na casa da minha patroa, Dona Enaura, que é minha amiga, minha família e hoje estou aqui revendo minha filha e conhecendo minha neta. Posso morrer hoje, que vou feliz”, comenta a senhora que hoje tem filhos, netos, bisnetos e até trinetos.
Djanira Sanseriano, apesar da vontade de ficar perto da mãe, não poderá ficar em Maceió por muito tempo. Precisa voltar ao trabalho, em São Paulo, na próxima semana, mas garante que trará a irmã, Djacyr, para ver a mãe. "Não vou desgrudar mais dela. Quero que minha irmã a veja também depois de tantos anos".
Mãe e filha têm reencontro emocionado após 47 anos
Djanira tinha 11 anos quando seu pai a levou para morar em São Paulo.
Ela veio para Maceió a procura da mãe sem conhecer ninguém.
Mãe e filha se abraçam emocionadas após reencontro que levou 47 anos para acontecer.
(Foto: Roberta Cólen/G1)
Uma história quase impossível de ter final feliz, não fosse a
perseverança de uma filha dedicada a reencontrar a mãe, de quem foi
separada há 47 anos pelo próprio pai. Djanira Araújo Sanseriano tinha
apenas 11 anos quando o seu pai a levou para trabalhar como empregada
doméstica em São Paulo. Após a morte do pai, Djanira resolveu voltar ao
local onde nasceu, Maceió, e procurar pela mãe, com quem perdeu o contato desde que o pai a levou. A equipe do G1 acompanhou com exclusividade o reencontro.(Foto: Roberta Cólen/G1)
Com o 'coração na mão', a técnica de enfermagem Djanira Araújo Sanseriano, de 58 anos, saiu de São Paulo com as passagens pagas por uma amiga. Ela chegou a Maceió com a filha, Daniela Sanseriano, no último domingo (23) com um único propósito: encontrar a mãe que ela não via há quase meio século.
Assim que chegou, Djanira começou a procurar pela cidade. Foi ao bairro do Benedito Bentes, na parte alta da capital, e perguntou às senhoras que encontrava pela rua se alguma delas era a sua mãe. Não eram. Mesmo assim, não desistiu. Procurou pela orla da cidade com a ajuda de uma foto que recebeu da mãe na única correspondência que trocaram. O endereço e telefone que constavam na correspondência já não existiam mais. Em uma última tentativa, procurou a reportagem do G1.
A partir daí, foi fácil localizar o paradeiro da mãe de Djanira. Por coincidência - ou destino, Dona Tereza, a mãe, trabalha na casa de uma integrante do Conselho Estratégico das Organizações Arnon de Mello, Enaura Quixabeira. Uma das fotos que a filha tinha em mãos, era justamente da mãe ao lado da patroa, conhecida por nossa equipe.
Djanira e Dona Terezinha se abraçam depois
de 47 anos. (Foto: Roberta Cólen/G1)
Um reencontro emocionante. “Mãe, hoje eu estou renascendo. A minha vida
é a senhora. Não vou mais sair do seu lado”, disse Djanira em meio às
lágrimas.de 47 anos. (Foto: Roberta Cólen/G1)
As duas puderam contar uma à outra a trajetória de vida que tiveram desde o dia em que se separam. Apesar de não viverem juntas, a história de vida das duas é parecida. Elas foram separadas uma da outra porque José Sebastião Bispo, marido e pai, decidiu se casar com outra mulher.
Djanira foi morar com a irmã Djacyr, na casa da avó, quando tinha 5 anos. A mãe as visitava, até ser proibida pelo pai das meninas. Quando tinha 11 anos foi morar em São Paulo com a irmã e o pai. Ela foi obrigada a trabalhar como empregada doméstica ainda criança e entregar todo o salário para o pai.
"Eu tive um relacionamento muito difícil com o meu pai. Me casei em São Paulo, tive meus cinco filhos e depois me separei. Me registrei como filha de mãe solteira. Ele disse que não aceitava ter uma filha separada. Quando eu dava bênção, ele dizia 'Deus te dê vergonha'. Meu pai nunca deixou a gente ter contato com a minha mãe e nunca falou sobre ela. Mas ela é a minha vida,” conta Djanira.
Avó, filha e neta, juntas novamente após uma vida
inteira. (Foto: Roberta Cólen/G1)
Dona Tereza, de 77 anos, carrega no rosto os sinais da maturidade. Ela
contou histórias da vida difícil que levou depois que seus pais morreram
quando tinha apenas 9 meses de idade.inteira. (Foto: Roberta Cólen/G1)
“Morei com minha tia aos sete anos. Naquela época, já sabia cozinhar e engomar. Casei com o pai de Djanira aos 17. Lembro quando ele trazia amigos para casa e dizia para eu não ir até à sala. Me trancava no quarto e por lá ficava. Era sempre assim, até ele dizer que eu tinha que ir embora porque ia casar com outra mulher. Visitava minhas filhas, mas depois que ele proibiu, não as vi mais. Me casei de novo, separei. Moro na casa da minha patroa, Dona Enaura, que é minha amiga, minha família e hoje estou aqui revendo minha filha e conhecendo minha neta. Posso morrer hoje, que vou feliz”, comenta a senhora que hoje tem filhos, netos, bisnetos e até trinetos.
Djanira Sanseriano, apesar da vontade de ficar perto da mãe, não poderá ficar em Maceió por muito tempo. Precisa voltar ao trabalho, em São Paulo, na próxima semana, mas garante que trará a irmã, Djacyr, para ver a mãe. "Não vou desgrudar mais dela. Quero que minha irmã a veja também depois de tantos anos".