BOLSA-SP: DÓLAR FECHA R$ 2,30

PAULO MELO CORUJA NEWS

Dólar fecha em R$ 2,30 pela segunda vez em três dias; Bolsa fica estável DE SÃO PAULO

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Folhainvest O dólar à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, fechou esta segunda-feira (5) em alta de 1,03% em relação ao real, cotado em R$ 2,304 na venda.
É a segunda vez em três dias que a moeda americana fechou acima de R$ 2,30, patamar apontado por especialistas como limite de uma banda informal aceita pelo governo --que não prejudica a inflação nem as empresas exportadoras--, mas não houve intervenção do Banco Central.
O dólar comercial, que é utilizado no comércio exterior, fechou o dia em alta de 0,65%, para R$ 2,303.
"Hoje, no exterior, o dólar subiu em relação a todas as moedas. O que justifica a ausência do BC no mercado nunca é claro. Não conseguimos entender os critérios do BC, mas o que é certo é que ele não quer um dólar muito valorizado. Isso prejudicaria ainda mais a inflação", diz Guilherme Prado, especialista em câmbio do Grupo Fitta.
Para Reginaldo Siaca, superintendente de câmbio da Advanced Corretora, o dólar já subiu além do que deveria. "Está em um nível muito elevado para uma economia que está querendo conter a inflação", avalia.
"Pelo impacto na inflação, o preço do dólar não pode subir mais que isso [R$ 2,30]. O BC pode atuar de forma mais pesada no mercado de câmbio se a moeda americana continuar subindo. Ele pode, por exemplo, vender dólar no mercado à vista, aumentando o volume de moeda americana no mercado brasileiro e diminuindo a quantidade de reais", acrescenta Siaca.
Outra opção mais agressiva que o BC poderia adotar se pretende derrubar o dólar, segundo Prado, do Grupo Fitta, seria o corte na cobrança de 6% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas captações de curto prazo --até um ano.
"Isso só deve ser adotado, no entanto, caso o aumento do dólar saia do controle e ultrapasse bastante os atuais R$ 2,30", diz. "Não vejo isso acontecendo no curto prazo", completa.
Para economistas ouvidos pela Folha, a tendência da moeda americana é subir, diante da perspectiva no mercado de que o BC americano reduzirá o estímulo econômico nos EUA em breve.
A aposta persiste baseada em dados positivos sobre a economia do país. Para injetar recursos na economia, o BC americano recompra mensalmente, desde 2009, US$ 85 bilhões em títulos do governo --e parte desse dinheiro se transforma em investimentos em outros países, inclusive o Brasil.
Com a redução desse incentivo, os recursos disponíveis para aplicações vão diminuir e, com a perspectiva de menos dólares no Brasil, o preço da moeda sobe.
"Além disso, nossa política fiscal está bastante deteriorada. Enquanto não houver um cenário mais definido sobre os estímulos nos EUA e uma melhora em nossa economia, o preço do dólar vai continuar pressionado e o BC atuando esporadicamente no câmbio para evitar uma valorização exacerbada", afirma Siaca.
BOLSA
No mercado de ações, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou praticamente estável nesta segunda-feira, cedendo apenas 0,08%, para 48.436 pontos.
"O Ibovespa ficou de lado [perto da estabilidade] porque não tivemos nenhum indicador econômico de relevância e nenhum resultado corporativo de grande impacto. O mesmo movimento foi visto nos mercados dos EUA", diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
Para Müller, o mercado está cauteloso à espera de resultados importantes que serão divulgados nesta semana, como os da Petrobras e da Vale. "Imagino que os balanços dessas empresas não devem ajudar a impulsionar o Ibovespa para cima, pois podem trazer números piores que os anteriores", avalia.
As ações mais negociadas da Vale fecharam em alta de 1,2%, para R$ 28,73. Já os papéis mais negociados da Petrobras caíram 0,95%, para R$ 16,65.
"A Petrobras não consegue repassar preços, isso vai dar pressão em suas margens no segundo trimestre", afirma Müller. A estatal compra gasolina no exterior por um preço mais alto do que o de venda do combustível no mercado brasileiro. O governo, principal controlador da petroleira, freia um reajuste para não agravar a inflação no país
Para a Vale, as projeções também não são animadoras, apesar de os preços elevados do minério de ferro. "Entre os motivos para isso, estão as dívidas denominadas em moeda estrangeira, que devem acompanhar a valorização do dólar", diz Marcelo Varejão, analista da Socopa.