NO CONGRESSO, MAIORIA DECIDE ESTICAR AS FÉRIAS

PAULO MELO CORUJA NEWS

No Congresso, maioria decide esticar as férias 

MÁRCIO FALCÃO
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
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Após entrar em recesso no mês de julho desrespeitando a Constituição, a maioria dos congressistas decidiu esticar as férias. Dos 513 deputados, apenas 37 registraram ontem presença na Casa; dos 81 senadores, 33 compareceram.
As duas Casas só realizaram sessões de debates, sem votar nenhuma proposta.
Pela Constituição, o Congresso só poderia ter entrado em recesso se tivesse aprovado a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), o que não ocorreu. Mesmo descumprindo a norma, os congressistas instituíram um "recesso branco" e paralisaram as atividades nos últimos 15 dias.
Presidente da Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) aderiu às "férias prolongadas". O peemedebista está em viagem no exterior com a família e só voltará ao Congresso na semana que vem. Segundo a assessoria de Alves, o deputado adiou o retorno porque, mesmo de folga, cumpriu na semana passada atividades do Parlamento para receber o papa Francisco no Brasil.
Escalado para substituí-lo no retorno das atividades legislativas, o vice-presidente, André Vargas (PT-PR), minimizou as faltas. "Não basta voltar por voltar também, nós queremos voltar já votando."
Na terça, a Câmara pretende concluir a análise do projeto que destina receitas de petróleo para saúde e educação. Não há acordo sobre o tema nem na base aliada. O principal impasse é quanto ao uso do fundo social -espécie de poupança dos recursos de exploração de petróleo- para educação.
O governo não aceita que seja aplicado o capital do fundo -quer a destinação só do rendimento. Sem definir essa votação, a Câmara não pode analisar outros temas porque o projeto tranca a pauta.

Alan Marques/Folhapress
Câmara fica vazia na volta do recesso; dos 513 deputados, apenas 37 registraram presença ontem na Casa
Câmara fica vazia na volta do recesso; dos 513 deputados, apenas 37 registraram presença ontem na Casa
FOGO AMIGO
O Planalto tenta conter rebelião de senadores peemedebistas que reclamam do tratamento recebido pelo governo. Os ataques partiram até do presidente do partido, Valdir Raupp (RO), que apontou o "esfacelamento" da base de apoio da presidente Dilma Rousseff: "A nave está um pouco desgovernada", disse.
Da tribuna do Senado, peemedebistas defenderam ontem a redução do número de ministérios e reclamaram que o partido virou "auxiliar" do governo. "Eles não precisam do PMDB? Acho que precisam. Quem tem comando no PT sabe que precisa do PMDB, mas a democracia é livre e o PMDB está atento a essas coisas", disse o líder, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).
Além de liberar recursos para o pagamento de emendas parlamentares, o governo deve receber a cúpula do PMDB na semana que vem para afinar o discurso.