MAIS UM IMPASSE E PT PODE DESISTIR DE OSMAR

PAULO MELO CORUJA NEWS........... 

Negociações

Impasse sobre vice faz PT-PR ameaçar desistir de Osmar

PDT insiste em Gleisi como vice; PT não abre mão de indicá-la para o Senado e diz que vai discutir candidato próprio
   
Ivan Santos

O impasse na discussão do candidato a vice abriu ontem nova crise nas negociações entre o PDT do senador Osmar Dias e o PT do Paraná em torno de uma aliança para as eleições no Estado. Osmar e o PDT insistem na indicação da ex-presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann para a vaga, enquanto os petistas não abrem mão da candidatura dela ao Senado. A falta de acordo levou Osmar a cancelar reunião marcada para ontem em Brasília, o que fez a direção estadual do PT a anunciar ter desistido da aliança com o pedetista.

O PDT exige a indicação de Gleisi à vice em troca de um palanque competitivo para a candidata do PT à Presidência, Dilma Roussef no Estado. O partido argumenta ainda que com Gleisi na vice, abriria-se duas vagas de candidaturas ao Senado na chapa para atrair outros partidos – como o PMDB e o PP – para a aliança. Além disso, os pedetistas temem que o PT paranaense abandone Osmar à própria sorte na campanha, trabalhando apenas em favor de Dilma e de Gleisi – que é mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo – homem forte do governo Lula. O PDT alega ainda que foi o próprio presidente Lula quem prometeu atrair para o palanque de Osmar, os partidos da base aliada no Estado.

Na quarta-feira da semana passada, Osmar se reuniu com Lula e dirigentes nacionais do PT e do PDT em Brasília, para tentar chegar um acordo. Uma nova reunião foi marcada para ontem, mas na noite de segunda-feira, o senador teria cancelado o encontro, alegando que as negociações com os petistas paranaenses não teriam avançado em nada.

A direção local do PT não gostou da atitude do senador, e anunciou que estaria abandonando a partir de agora as negociações. O partido marcou para a próxima segunda-feira uma reunião da Executiva Estadual, para discutir a possibilidade de lançar candidato próprio ao governo do Estado. “O senador Osmar Dias demora muito para tomar decisões simples, então vamos tomar nosso caminho”, disse o presidente estadual do PT, deputado Ênio Verri.

Verri alegou que o PT nunca cogitou abrir mão da candidatura de Gleisi ao Senado para indicá-la como vice do senador. E que isso teria ficado claro na reunião da semana passada em Brasília, com a participação de Lula e Dilma. Ele descartou o argumento de que Gleisi na vice abriria caminho para atrair outros partidos para a aliança. “Essa é uma análise deles (do PDT e de Osmar). Já oferecemos o presidente Lula e a militância do PT. Agora é com eles”, disse.

O dirigente lembrou que os dois partidos já estão há quase um ano negociando. “As vezes tenho a impressão de que o Osmar está procurando um motivo para desistir”, avaliou. “Não há mensagem mais explícita que o cancelamento dessa reunião”, afirmou.
Verri deixou claro ainda que a partir de agora o PT paranaense vai buscar outra saída, como a candidatura própria ao governo. “Tudo o que tínhamos que fazer (pela aliança com Osmar) nós já fizemos”. Entre os nomes cotados para candidato ao governo no PT estão o ex-prefeito de Londrina, Nedson Micheletti e a ex-secretária do Ensino Superior, Ligya Pupatto. Nenhum dos dois, porém, é considerado competitivo, e tem aparecido nas pesquisas com cerca de 1% das intenções de voto.

Intervenção - Apesar da reação do PT paranaense, o PDT ainda aposta na intervenção de Lula e da direção nacional como forma de convencer o partido a aceitar a indicação de Gleisi para vice de Osmar. O presidente em exercício do PDT, deputado Augustinho Zucchi, se recusou a comentar as afirmações de Verri. “Não recebemos da direção nacional do PT essa posição (de rompimento)”. Ele rebateu a acusação de que Osmar estaria disposto a desistir da disputa pelo governo. “O Osmar sempre teve posições claras. Acho uma infantilidade um dirigente partidário falar em desculpa. Aliança não é fusão”, afirmou.

Gleisi Hoffman, por sua vez, afirmou que vai mantém a candidatura ao Senado, mas que vai acatar aquilo que o partido decidir. Ela descartou, porém, interferência da direção nacional para forçar a composição. “Temos trabalhado com a orientação do diretório nacional e do presidente Lula desde o ano passado. Nunca tivemos da direção local nenhuma decisão que não estivesse amparado na direção nacional”, garantiu.