Dossiê: Receita explica no Congresso caso de tucano
Otacílio Dantas Cartaxo, secretário da Receita Federal, dará
explicações, nesta quarta (14), sobre o vazamento de dados fiscais do
tucano Eduardo Jorge.
Ele confirmou presença na Comissão de Justiça
do Senado, presidida por
Demóstenes Torres (DEM-GO).
Havia sido convidado no
final do mês passado. Não era obrigado a comparecer. Mas concordou em ir
aos holofotes, sob a condição de não falar sobre dados sigilosos.
O convite a Cartaxo fora aprovado nas pegadas de uma notícia
veiculada pela Folha.
No texto, o repórter Leonardo Souza informara
que dados fiscais de Eduardo Jorge migraram dos computadores da Receita
para as páginas de um dossiê.
EJ, como é conhecido o
grão-tucano, ocupa a vice-presidência executiva do PSDB federal.
Gaspari: ‘Os palacetes de uma elite mal-assombrada’
Museu do
Banco Central
Vai abaixo artigo levado pelo
repórter Elio Gaspari às páginas desta quarta (14). Ilumina um caso em
que a Viúva corre grave ri$co, no Rio. Leia:
A prefeitura do Rio de
Janeiro pretende comprar o palacete que pertence à família Guinle de
Paula Machado, na Rua São Clemente (Botafogo).
Os donos queriam R$ 15
milhões, mas deixariam por R$ 10 milhões. A cinco minutos dali, caindo
aos pedaços, está o Hospital Rocha Maia.
Porque a Viúva gastará
semelhante ervanário para comprar uma exuberância sem saber o que vai
fazer com ela?
A casa, tombada pelo Iphan,
está em bom estado, assim como seus mil metros quadrados de jardins. Se
alguém estiver interessado, que faça uma oferta, deixem a Boa Senhora
longe dessa.
No final do século XIX e nas primeiras décadas do XX, os endinheirados do Rio de Janeiro construíam palacetes em Botafogo, e os mais belos ficavam na São Clemente.
No final do século XIX e nas primeiras décadas do XX, os endinheirados do Rio de Janeiro construíam palacetes em Botafogo, e os mais belos ficavam na São Clemente.
Nessa mesma época, os
milionários americanos erguiam mansões na Quinta Avenida, em frente ao
Central Park.
Quem percorrer esses
trajetos poderá admirar a grandeza do capitalismo americano e a desgraça
da plutocracia brasileira bem relacionada.
Na Quinta Avenida sobrevivem as casas de Henry Frick; a Starr Miller, comprada por Ronald Lauder; a do banqueiro Felix Warburg e a do magnata do aço Andre Carnegie. Todas hospedam instituições culturais privadas.
Na Quinta Avenida sobrevivem as casas de Henry Frick; a Starr Miller, comprada por Ronald Lauder; a do banqueiro Felix Warburg e a do magnata do aço Andre Carnegie. Todas hospedam instituições culturais privadas.
Frick deixou o palacete,
com centenas de obras-primas. (Vermeer? Três. Rembrandt? Quatro.)
Ninguém se lembra dele como o mandante, em 1892, de um massacre de
operários grevistas, nem dos dois tiros que tomou no pescoço, disparados
por um anarquista.
Lauder criou a Neue
Gallery, para a qual comprou o retrato de Adele Bloch-Bauer, de Gustav
Klimt. Na casa de Warburg funciona o Museu Judaico.
Mais adiante está o palácio
de Carnegie, o maior entre os “barões ladrões”, foi o homem mais rico
dos Estados Unidos no início do século e provavelmente o maior
filantropo de sua história. Nela há um centro de exposições de desenho.
Na Rua São Clemente, a história foi outra, os plutocratas construíram palacetes, regalaram-se e, quando as heranças encurtaram, penduraram-se quase todos na bolsa da Viúva.
Na Rua São Clemente, a história foi outra, os plutocratas construíram palacetes, regalaram-se e, quando as heranças encurtaram, penduraram-se quase todos na bolsa da Viúva.
O de Rui Barbosa hospeda
uma instituição exemplar. A mansão de um comerciante português onde
funcionou o Colégio Jacobina tornou-se um Centro de Arquitetura e
Urbanismo da prefeitura, que vive na indigência.
O palácio do embaixador
inglês foi comprado pela prefeitura num negócio esquisito, no qual pagou
pelos móveis quatro vezes mais que o preço do imóvel.
Em alguns casos, os prédios
foram preservados por empresas, mas, onde a Viúva pagou a conta, quase
nada sobrou para a patuleia.
Noutro bairro, o filho do Barão de Nova Friburgo, falido, vendeu à República o Palácio do Catete. Quem o visita e depois vai à casa de Carnegie pensa que o magnata americano era um avarento.
Noutro bairro, o filho do Barão de Nova Friburgo, falido, vendeu à República o Palácio do Catete. Quem o visita e depois vai à casa de Carnegie pensa que o magnata americano era um avarento.
O mesmo acontecerá ao
paulista que visitar o palácio dos Campos Eliseos, repassado à Boa
Senhora pelos descendentes de Elias Pacheco Chaves.
Os Guinle foram uma das famílias mais ricas da República Velha. Fizeram dinheiro com indústrias, obras e concessões de serviços públicos. Lá atrás, tiveram o equivalente a R$ 2 bilhões.
Os Guinle foram uma das famílias mais ricas da República Velha. Fizeram dinheiro com indústrias, obras e concessões de serviços públicos. Lá atrás, tiveram o equivalente a R$ 2 bilhões.
Enquanto ganharam mais do
que gastavam, souberam distribuir sua fortuna. Se o prefeito Eduardo
Paes não tem o que fazer com R$ 10 milhões, faça como o patriarca
Guilherme Guinle (1882-1960): proteja os hospitais do Rio de Janeiro.
Serviço: Quem quiser apreciar os palacetes de Botafogo pode reservar a manhã de 14 de agosto. Das 9h às 12h, o arquiteto Milton Teixeira dirigirá um passeio que sairá do Senac do bairro. Ele conhece o Rio como poucos e acha que a Prefeitura deve comprar o palacete.
Serviço: Quem quiser apreciar os palacetes de Botafogo pode reservar a manhã de 14 de agosto. Das 9h às 12h, o arquiteto Milton Teixeira dirigirá um passeio que sairá do Senac do bairro. Ele conhece o Rio como poucos e acha que a Prefeitura deve comprar o palacete.
Após divórcio, Congresso vota ‘Estatuto das Famílias’
Saulo Cruz/Ag.Câmara
Depois
de promulgar, nesta terça (13), a lei que modernizou o divórcio, o Congresso
discute a aprovação de um “Estatuto das Famílias”. Prevê a atualização
de leis elaboradas sob a ótica de relações familiares do final da década
de 60.
O signatário do projeto é o deputado Sérgio
Carneiro (PT-BA), o mesmo que patrocinou a emenda que facilitou o
divórcio. “Queremos abrigar na lei todos os arranjos familiares dos dias
atuais, legalizando-os”, diz ele.
Noutro projeto, Carneiro
propõe descriminalizar as mães que rejeitam os filhos recém-nascidos.
“Para salvar as crianças”, ele explica. Numa terceira proposta, sugere a
equiparação de companheiros aos cônjuges.
Em entrevista ao blog, o deputado esmiuçou os projetos e
informou em que estágio se encontra a tramitação legislativa. O "Estado
das Famílias" já passou pela Comissão de Seguridade Social da Câmara.
Foi à Comissão de Justiça. Aprovado ali, vai ao Senado. Leia abaixo:
- O sr. é
descasado? Sou muito bem casado há 21 anos, mesmo tendo passado
por uma separação. Enfrentei as duas etapas. Eu me separei e, um ano
depois, tive de converter a separação em divórcio.
- Vem daí a
inspiração para a emenda? Não. A proposta é de inspiração do IBDFAM,
Instituto Brasileiro de Direito de Família. Como advogado dessa área,
sou associado ao instituto.
- Como se deu a apresentação
da proposta? Quando cheguei ao Congresso, sendo membro do IBDFAM,
eles se animaram a que tivéssemos uma participação legislativa. A
emenda do divórcio não é a única que nós temos em tramitação.
- Quais são
as outras? O estatuto das famílias, o parto anônimo e a
equiparação da companheira e do companheiro ao cônjuge.
- Em que
consiste o Estatuto das Famílias? Reúne os aspectos materiais e
processuais do direito de família.
- Essa matéria já não consta
do Código Civil? Sim. Mas repare que o Brasil tinha um Código Civil
de 1916. O regime militar decidiu reformar esse código. Criou uma
comissão de notáveis. Elaborou-se, em 1969, um novo código. Só em 1975 o
projeto foi ao Congresso. Levou 25 anos para ser aprovado. Quando o
legislador do ano 2000 votou a reforma do código de 1916, pegou um texto
que refletia a sociedade do final da década de 60. Um tempo em que não
havia internet nem celular. Esse projeto protegia apenas a família do
matrimônio –papai, mamãe e filhinhos.
- O que se pretende
reformar? Nossa proposta é a de retirar todo o livro 4º do
Código Civil, que trata do direito de família, e acomodá-lo num Estatuto
das Famílias.
- Por que ‘famílias”, assim, no plural? É para que o próprio título
do estatuto já carregue o significado do que se pretende. Queremos
abrigar na lei todos os arranjos familiares dos dias atuais,
legalizando-os.
- As famílias ditais legais seriam equiparadas às
informais? Exatamente. Dois irmãos e duas irmãs que moram
juntos, sem cônjuges, formam uma família. Um tio ou uma avô que cuidam
dos sobrinhos ou netos cujos pais morreram formam uma família. Um homem
ou uma mulher separados, com os filhos das relação desfeita também
formam uma família. Daí surgem a paternidade e a maternidade
sócio-afetivas.
- O projeto
cuida da fertilização em proveta? Sim. Cuidamos de dois tipos
de fertilização in vitro: a homóloga, com material genético do casal; e a
heteróloga, com material de terceiros. O doador anônimo de sêmen tem o
ânimo de ser pai? Na nossa opinião, não. Do mesmo modo, a mulher que doa
um óvulo não pode reivindicar depois o direito de ser mãe do feto
gerado. A barriga de aluguel tampouco tem o ânimo de ser mãe. São essas
questões, hoje tratadas apenas na jurisprudência, que nos ensejaram a
fazer essas proposições.
- A equiparação em lei de todos os tipos de
famílias geram conseqüência patrimoniais? Sim, patrimoniais,
sucessórias e previdenciárias.
- O projeto trata da união
entre homossexuais? A chamada união homoafetiva tinha sido incluída na
proposta. Mas foi removida na Comissão de Seguridade Social.
- Por quê? Houve resistências. E
chegamos à conclusão de que, para avançar, era melhor que o estatuto
seguisse sem isso. Por quê? As defensorias públicas, o Ministério
Público, o Executivo e o Judiciário já reconhecem o direito à união
homoafetiva. Só o Legislativo não reconhece. Por exemplo: como a lei não
proíbe a adoção por casais homossexuais, o STJ reconheceu recentemente,
o direito de um casal homossexual de São Paulo à adoção de uma criança.
Se incluímos o tema no projeto, vai que o Congresso proíbe coisas que a
jurisprudência já reconhece. Seria um recuo. Melhor não mexer agora.
- O que diz o
projeto do parto anônimo? Estamos retirando a responsabilidade civil ou
criminal da mulher que não quer o filho.
- Pode explicar melhor? Teve uma mulher que
envolveu o filho recém-nascido num saco plástico e jogou na Lagoa da
Pampulha, em Belo Horizonte. Outra abandonou um bebê num matagal de
Salvador. Outra jogou uma criança na lata de lixo em São Paulo.
- O que o
projeto sugere? Que essas mulheres que desejam se livrar de seus
bebês deixem de ser responsabilizadas civil e criminalmente. Elas vão
poder se apresentar ao Estado, que vai lhes oferecer o pré-natal e
assistência psicológica. Se ela não quiser o filho, o Estado
providenciará uma família substituta, para a adoção. A mulher vai saber
que a lei irá protegê-la, não criminalizá-la. Com isso, ajudamos as mães
e, sobretudo, salvamos as crianças.
- O que diz o projeto que
equipara companheiros aos cônjuges? Quando a pessoa é casada,
ocorrendo a morte do marido ou da mulher, o cônjuge tem direito a 50% do
patrimônio e concorre, na partilha dos outros 50%, com os filhos
–chamados de herdeiros necessários—ou com os pais, na ausência de
filhos. No caso dos companheiros, havendo a morte de um deles, isso não
ocorre. O companheiro ou a companheiro é meeiro. Obtém apenas os 50%.
Nós estamos propondo a equiparação de casados formais e de companheiros
que vivem em união estável.
- Acha que esses projetos
serão aprovados? Rui Barbosa, senador baiano,
institui o casamento civil no Brasil, na primeira Constituição da
República, em 1891. Até então, só havia casamento religioso. O senador
Nelson Carneiro, outro baiano, eleito pelo Rio, instituiu o divórcio em
1977. Levou 26 anos para conseguir. Em 2007, esse modesto deputado,
outro baiano, propôs a modernização do divórcio. Foi aprovado em três
anos. Então, entendo que essas propostas podem, sim, ser aprovadas. O
Congresso não costuma ficar alheio ao interesse da sociedade e à
repercussão na mídia, como houve no caso da emenda do divórcio.
As manchetes desta quarta
- Globo:
Brasil atrasado para a Copa de 2014: Lula abre guerra à Fifa: ‘Não
somos um bando de idiotas’
- Folha:
Lula usa evento oficial para enaltecer Dilma
- Estadão:
Lula desafia Lei Eleitoral ao promover Dilma em evento
- JB:
Polêmica viaja no trem-bala
- Correio:
Aumenta o abismo entre ricos e pobres no DF
- Valor:
Magazine Luiza reage e negocia duas aquisições
- Jornal
do Commercio: Divórcio mais ágil
- Zero
Hora: Procuradoria impugna 28 candidatos no RS
Choro!
Aroeira
Ao inaugurar comitê, Dilma diz ser a herdeira de Lula
Lula
Marques/Folha
Ao lado do vice Michel
Temer, Dilma Rousseff inaugurou, em Brasília, o comitê central de sua
campanha.
Em discurso, apresentou-se
como herdeira do ex-chefe
cabo-eleitoral: “O presidente Lula me deu talvez a maior herança que
alguém pode dar a alguém...”
“...Me deu a missão de
cuidar do povo que ele tanto ama. Eu vou cuidar desse povo com toda a
responsabilidade”. Prometeu “continuar” e “avançar”.
Marcado para as 18h, o
evento começou com duas horas de atraso. Jogara-se a coisa para o
período noturno para permitir que Lula, fora do expediente, desse as
caras.
Porém, o presidente não
apareceu. Ao tomar do microfone, Dilma tinha atrás de si, no tablado
montado para os discursos, uma pequena multidão.
Lá estavam as principais
lideranças que a apóiam, incluindo barões do PMDB como José Sarney e
Renan Calheiros.