MILHO SAFRINHA PRODUÇÃO 10% MAIOR APESAR DO PREÇO..

PAULO MELO CORUJA NEWS.............

Dirceu Portugal/Gazeta do Povo

Dirceu Portugal/Gazeta do Povo / Com área cultivada 2% menor, 
milho safrinha deve superar a produção de um ano atrás em 10% com 
produtividade Com área cultivada 2% menor, milho safrinha deve superar a produção de um ano atrás em 10% com produtividade
 
Milho

Safrinha cresce à base de subsídio

Brasil amplia produção em 10% apesar dos preços baixos e do escoamento escorado em recursos públicos
   
José Rocher

Depois de um ano em que os produtores de milho precisaram de socorro do governo para não sair no prejuízo, o Brasil está ampliando a produção do cereal. O quadro se confirma com os números da 2ª safra, a chamada safrinha, cada vez mais próxima do tamanho da safra de verão. Os estados produtores esperam colher 19 milhões de toneladas, 10% a mais que no mesmo período do ano passado, apurou a Expedição Safra RPC. Mato Grosso amplia a área de cultivo e Paraná ganha em produtividade. A sondagem abrange 12 estados.
Concorrência derruba preços e desestimula o plantio no PR
A área extra dedicada ao milho no ciclo atual em estados como Mato Grosso e Goiás é menor que a extensão que a cultura perde em Mato Grosso do Sul, São Paulo e principalmente no Paraná. No Centro-Oeste paranaense, insatisfeito com os preços, produtores optam por deixar a terra simplesmente coberta com a palhada da safra de verão. Eles dizem que os custos estão muito altos na comparação com a remuneração que o mercado oferece.
“Não dá para concorrer com os produtores do Mato Grosso, que estão comercializando a saca de milho a R$ 8 (60 quilos)”, analisa o produtor rural Juvercindo Gaio, que suspendeu o cultivo da 2ª safra. Em sua avaliação, para uma lavoura rentável, seria necessário investir R$ 410 em semente, R$ 450 em adubo e R$ 125 em uréia por hectare, além dos gastos com herbicidas. Ele teria de produzir 1 tonelada por hectare a mais que a média do estado, que deve chegar a 4 t/ha, para conseguir cobrir todas as despesas na venda da saca do cereal a R$ 14, calcula.
Há municípios na região, próximos a Campo Mourão, que cortaram mais da metade da área do milho safrinha. Em Boa Espe­­rança, a redução foi de 12,5 mil para 6 mil hectares na comparação com um ano atrás. Em Farol, de 6 mil para 2,5 mil mil hectares. É assim também em Centenário, Ubiratão e inclusive em Campo Mourão, que está realizando um novo levantamento para avaliar com mais precisão a drástica retração.
Quem planta está parcelando o pagamento dos insumos e apostando na elevação das cotações. Caso da agricultora Maria Elena Riva, que cultivou 37 hectares em Campo Mourão e, em último caso, vai segurar o cereal em armazém próprio para vender na entressafra. “Posso armazenar 730 toneladas e vender no disponível, onde terei liberdade para brigar pelo preço melhor”, comenta. Na safra de verão, ela deixou de plantar por conta do preço baixo. “Tinha a opção de cul­­tivar soja. Agora no inverno, minha única alternativa viável é milho safrinha.” O assessor técnico-econômico da Ocepar Robson Mafioletti afirma que ainda pode haver reajuste na área de milho do Paraná, principalmente se as condições para o trigo continuarem desfavoráveis.
Dirceu Portugal, correspondente em Campo Mourão
saiba mais
O milho 2ª safra terá produção 10% maior neste ano. Veja os números
Os preços atuais são pouco animadores. Em Mato Grosso, na região de Primavera do Leste, o produtor gasta até R$ 15 para produzir uma saca de 60 quilos de milho, calcula a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O valor é quase o dobro do que ele recebe do mercado atualmente, R$ 8,50/sc. O que justifica a ampliação do plantio? “A falta de outras opções de inverno e a expectativa de apoio do governo para a comercialização”, responde o superintendente da Conab em Mato Grosso, Ovídio Miranda. Ele afirma que a promessa é de liberação de recursos públicos equivalentes aos repasses do último ciclo. O apoio ocorre através de Pepro e PEP, com prêmio para o produtor ou para o comprador que garantir preço mínimo, respectivamente.
Na safra 2008/09, Mato Grosso produziu perto de 8 milhões de toneladas de milho. E foram liberados R$ 343 milhões para escoamento de 5,1 milhões de toneladas. A maior parte disso foi exportada, mas boa parcela acabou em regiões como o Nordeste, que é um centro consumidor, mas também produz o cereal. Na última semana, o governo teve de apoiar a comercialização de 95 mil toneladas de milho na Bahia. Agora, com a produção da 2ª safra (7,26 milhão) e da safra de verão (315 mil toneladas), Mato Grosso deve chegar novamente perto de 8 milhões de toneladas.
Mesmo no Paraná, onde os preços do cereal estão em R$ 14 a saca, batendo nos custos, há menos ânimo para o plantio. “O milho de Mato Grosso pressiona os preços e torna o cultivo inviável”, diz o assessor técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti.
Os agricultores paranaenses reduziram a área da cultura em 29% no verão, limitando a safra a 6,7 milhões de toneladas. Agora, o recuo deve ser de 10% na segunda safra. Mesmo assim, a previsão é de colheita 23,3% acima da registrada um ano atrás, chegando a 5,6 milhões de toneladas. A diferença deve-se aos efeitos da seca na safrinha do ano passado.
Ainda há muito milho para vender nos dois principais estados produtores. Mato Grosso tem cerca de 3 milhões de toneladas do inverno passado e o Paraná possui outros 5,5 milhões colhidos principalmente no último verão. A tendência é que os estoques cheguem novamente perto dos 11 milhões de toneladas no fim deste ano. Até agora com apoio à comercialização equivalente a 20% do dispensado a Mato Grosso, o Paraná ainda espera ajuda de Brasília para reduzir estoques. Representantes da Ocepar, da Federação da Agricultura (Faep) e da Secretaria Estadual da Agricul-tura e Abastecimento (Seab) pressionam três ministérios: Agri-cultura, Fazenda e Planeja-mento. A liberação de recursos depende de portaria interministerial. Saída para Mato Grosso é a exportação
Apesar da oferta maior que a demanda no mercado interno, Mato Grosso deve continuar ampliando a produção de milho nos próximos anos. A avaliação do Ministério da Agricultura (Mapa) é que o volume colhido pelo estado em 2019/20 seja 94% maior que o atual. A saída será ampliar as exportações, avalia a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O superintendente da Conab em Mato Grosso, Ovídio Miranda, argumenta que a política nacional de garantia de preço mínimo é a mesma para todo o país. Ele afirma que qualquer estado pode ampliar a produção se considerar essa política viável. “Aqui em Mato Grosso, o plantio pode ser facilmente aumentado sem grandes investimentos ou abertura de novas áreas”, pontua.
Nos últimos meses, o Brasil tem exportado de 500 mil a 1,3 milhão de toneladas de milho. A participação de Mato Grosso, que passa de 50% na média mensal, chegou a 97% em janeiro deste ano. O produto é escoado, com auxílio do governo, para regiões consumidoras e, depois disso, exportado. Os programas públicos não preveem prêmio para a exportação.