PAULO MELO CORUJA NEWS
FolhaEm declaração veiculada nesta sexta (23) e reproduzida aqui, José Serra associou Fernando Pimentel (PT-MG) ao caso da violação fiscal de Eduardo Jorge.
Em reação, Pimentel disse que Serra "tem demonstrado desequilíbrio ao disparar insinuações caluniosas”.
Acha
que a coisa ultrapassa “os limites da responsabilidade de quem se
declara um homem público experiente e preocupado com as questões maiores
do Brasil".
Candidato do PT a uma cadeira de senador por Minas, Pimentel divulgou uma nota. Informa que vai processar Serra. Diz o seguinte:
"As
mentiras, as injúrias e as calúnias são armas de quem não quer, ou não
tem preparo, para o debate democrático de idéias e de propostas. Não
desceremos a este nível.
Afirmo
que tomarei as providências judiciais cabíveis a fim de resguardar a
minha honra e a minha história de militância e de luta pelos direitos
democráticos neste país".
Dilma
e Serra alegaram dificuldades de agenda para fugir ao debate On-line
que os portais iG, MSN, Terra e Yahoo! fariam na segunda (26).
Marina Silva vive drama inverso. Com pesquisa miúda e TV diminuta, preferiria fugir da agenda para mergulhar nos debates.
Submetida à lógica dos grandes, resta-lhe o lamento:
"A recusa ao confronto das ideias é promover o empobrecimento da democracia pela qual tanto lutamos, inclusive Dilma e Serra..."
"Querem
criar no Brasil o anonimato eleitoral. O anônimo passa a ser o cidadão
brasileiro, privado de ter acesso sobre o que cada candidato pensa para o
país".
Ricardo Stuckert/PRUma semana depois do comício do Rio, Lula e Dilma Rousseff vão, nesta sexta (23), a Pernambuco.
Será
em Garanhuns o primeiro ato oficial da campanha no Estado. Nada de
comícios dessa vez. Faz frio. E há, de novo, risco de chuva.
Assim,
o cabo eleitoral e a candidata discursarão em ambiente fechado, num
colégio da cidade. Estima-se a platéia em algo como 2 mil pessoas.
Para justificar a viagem a Pernambuco, Lula cuidou de injetar na agenda um evento administrativo.
O ato pró-Dilma será à noite. Antes, Lula passará por Caetés, cidade vizinha a Garanhus.
Às 17h30, vai lançar o Prouca (Programa um Computador por Aluno).
Só depois do expediente vai à pajelança eleitoral, anotada em sua agenda como um “compromisso privado”.
Lula Marques/Folha
O
presidenciável tucano José Serra injetou o nome do petista Fernando
Pimentel no caso da violação do sigilo fiscal de Eduardo Jorge,
vice-presidente do PSDB.
Deu-se
numa entrevista concedida por Serra na viagem que fez a Porto Alegre
(RS), nesta quinta (22). A jornalista Rosane de Oliveira perguntou:
“O
senhor acha que o sigilo de Eduardo Jorge foi quebrado com autorização
superior, a pedido de Dilma, ou gesto de uma ‘aloprada’ da Receita
Federal?”
E Serra: “É estratégia do PT. Eles tinham montado um
grupo de dossiê sujo. Dossiê limpo não é obrigatoriamente algo
criminoso...”
“...Quando
é feito com baixaria, você está comprando depoimento. Isso é jogo sujo,
e o PT estava montando isso e foi descoberto...”
“...Tudo
coordenado por um personagem importante do PT, que é o Fernando
Pimentel. Não é um Zé Ninguém. Uma delas foi começar a quebrar sigilo
usando de funcionários ligados ao PT”.
A entrevista está disponível na edição desta sexta (23) do diário gaúcho Zero Hora (aqui). O caso EJ consta do miolo de uma conversa que tratou variados -de metrô à previdência.
A
resposta de Serra à questão sobre o fisco evoca o grupo de
“inteligência” que se tentou montar no núcleo de comunicação do comitê
petista de Dilma Rousseff.
Exposto
no noticiário como uma espécie de usina de espionagem de tucanos, entre
eles o próprio Serra, o grupo foi desmobilizado em junho.
Associado
à encrenca, o jornalista Luiz Lanzetta, cuja empresa (Lanza
Comunicação) fora contratada pelo PT, desligou-se da campanha.
Próximo de Lanzetta, Fernando Pimentel foi vinculado nas manchetes à ação de espionagem que o noticiário abortou.
Amigo de Dilma da época da militância contra a ditadura, Pimentel era um dos coordenadores da campanha presidencial do PT.
Hoje, candidato ao Senado, ele se dedica à sua campanha, em Minas Gerais. Também tomou distância do comitê de Dilma.
Ex-prefeito
de Belo Horizonte, amigo do tucano Aécio Neves, Pimentel sempre negou
ter participado das ações de bisbilhotagem atribuídas à campanha de
Dilma.
Negou,
por exemplo, que estivesse por trás de uma reunião supostamente
organizada em seu nome, em 20 de abril, no restaurante Fritz, em
Brasília.
Nesse
encontro, Lanzetta foi à mesa com o delegado aposentado da PF Onésimo
de Sousa e dois espiões de “pijamas” de órgãos de informação.
Depois,
em entrevistas e em depoimento no Senado, o delegado Onésimo declarou
que fora convidado para uma conversa com Pimentel, que não apareceu.
Acrescentou que Lanzetta lhe encomendara a montagem de uma operação para espionar Serra e membros do próprio comitê de Dilma.
Pimentel negou ter ordenado o encontro. Mais: negou também ter sido informado posteriormente sobre o teor da conversa.
Com
suas declarações, Serra como que ressuscita o episódio. E adiciona a
ele a pimenta do caso Eduardo Jorge, ligando a violação fiscal a
Pimentel.
Também nesta quinta, enquanto Serra borrifava querosene na fogueira, Dilma cuidava de afastar de si e do PT as labaredas.
Em sabatina do portal R7, a rival de Serra disse esperar que a sindicância aberta na Corregedoria da Receira termine “o mais rápido possível”.
Sem
saber que Serra jogara Pimentel no fogo, Dilma acrescentou: "É muito
estranho atribuir um vazamento na Receita à minha campanha...”
“...Se tivesse isso claro, não estavam investigando. Não há provação, há ilações, acusações infundadas...”
“...Recentemente, a diretoria da Petrobras teve seus dados fiscais vazados e nem por isso dissemos que foi a oposição".
Por
ora, a apuração do fisco concentra-se em Antonia Aparecida Rodrigues
Silva, servidora da Receita de Santo André, no ABC paulista.
Ao
dizer que a bisbilhotagem fiscal “é estratégia do PT”, Serra insinua
que descrê da hipótese de que Antonia Aparecida seja o alvo central.
Atribui-se
à servidora o acesso não justificado aos dados fiscais de Eduardo
Jorge. Chegou-se a ela por meio de um rastreamento de senha.
Não
se obteve, por ora, prova de que, além de acessar, Antonia Aparecida
tenha vazado as informações. Algo indispensável para caracterizar a
violação.
FolhaOs
portais IG, MSN, Terra e Yahoo cancelaram o debate presidencial que
pretendiam realizar na próxima segunda-feira (26), às 15h.
Anunciado em nota, o cancelamento se deve à ausência dos dois principais contendores da sucessão de 2010.
A petista Dilma Rousseff declinara oficialmente do convite na última terça (20).
No início da noite desta quinta (22), também a assessoria do tucano José Serra informou que o candidato não vai ao debate.
Reunidos, os organizadores do evento optaram por cancelá-lo. Só Marina Silva (PV) mantinha a disposição de comparecer.
Dilma, Serra e Marina confirmaram a participação no debate Folha/UOL, que será transmitido ao vivo pela internet em 18 de agosto.
Outros 14 veículos farão a transmissão simultânea do debate, que ocorrerá no teatro Tuca, em São Paulo, às 10h30.