2012 O FIM DO MUNDO"O FILME"

2012", de Roland Emmerich, especula sobre o fim do mundo a partir das profecias do povo maia. O forte do filme são os efeitos especiais Roland Emmerich tinha razão. São os grandes acontecimentos universais, aqueles que mexem com o imaginário e provocam o espanto, que movem as pessoas a um pensar, retirando-as de seus mundos interiores, mesmo que por instantes. Desta forma, a realidade externa, a do mundo que as envolvem, passa a interessar e preocupar. As profecias do povo maia vem, desde o início da década, provocando uma grande curiosidade na humanidade, fazendo-a indagar-se sobre a possibilidade do fim do mundo acontecer. E há um mistério aí, já que ela não está prevista apenas pelo calendário maia, mas igualmente no Apocalipse da Bíblia, na hecatombe planetária codificada de Nostradamus, nas previsões dos oráculos do I Ching e de Delfos, da Cibila da Roma antiga e das diversas religiões. Com um orçamento US$ 260 milhões, Roland Emmerich realizou um filme calcado nessas profecias. Certamente, apropriando-se do eterno milenarismo que sempre proclama o fim do mundo. Algo que nunca ocorreu. Terremotos abrindo ruas quilométricas em metrópoles, pontes e túneis desabando, as pessoas morrendo, tsunamis devastadores engolindo cidades inteiras e encobrindo vales e montanhas, selvas e florestas em chamas, os polos da Terra se derretendo, enfim, tudo é reconstituindo, literalmente, a partir das profecias maias. Com "2012", Roland Emmerich oferece uma visualização realista sobre as profecias. O filme é pura adrenalina. O espectador recebe regiamente, de volta, na forma de alta emoção, cada real pago no preço do ingresso: um espetáculo que, durante quase três horas o tira da realidade e o transporta para uma outra, a do possível fim do mundo. Não se trata de nenhuma surpresa o fato de "2012" ter estreado arrasando nas bilheterias de todo o planeta. US$ 65 milhões arrecadados, em três dias, nos EUA; US$ 160 milhões contabilizados, em igual período, das bilheterias de 105 países. Total de US$ 225 milhões. Números que certificam o sucesso de um investimento arriscado, de US$ 260 milhões. As razões do sucesso "2012" tem seu sucesso popular contido em algumas razões. A principal delas é o fato de Emmerich não arriscar. Toda a estrutura de seu trabalho, do roteiro à saída da sala de montagem está moldada em cima dos filmes catástrofes de sucesso do passado, como "Aeroporto" (1970), "O Destino do Poseidon" (1972), "Inferno na Torre" e "Terremoto" (1974), entre outros. Ou seja, Emmerich se utilizou de uma fórmula de sucesso, a reciclou, atualizou e embalou-a com a última geração dos efeitos especiais. Há quem vá dizer que "2012" se trata de um grande clichê. Não estará errado, pois é todo previsível. O enredo é proposital, com todos os seus ingredientes e com direito a uma chupada nos antigos seriados. Sobra espaço para queda do Cristo Redentor, com certo destaque. E, também, para uma exposição de ordem moral. Serão os chefes das principais nações, os grandes empresários e os senhores do dinheiro os agraciados nos projetos de sobrevivência da espécie . Com todos esses ingredientes "2012" não é filme para ser apreciado pelos críticos - pelo menos para aqueles mais exigentes. Emmerich dispensa o caráter intelectual que o enredo pudesse ter - até mesmo as referências às profecias maias são rápidas e ao nível do entendimento do grande público. Outra razão, é que "2012" não tem nada de original e, na verdade, se trata de uma variação de "O Dia Depois de Amanhã". Mas feito com competência. PEDRO MARTINS FREIRE CRÍTICO DE CINEMA