CALENDÁRIO MAYA 2012

O calendário maia da "conta curta" (há o da "conta larga", que não nos interessa aqui) compreende ciclos cujas datas se repetem a cada 260 anos tunes de 260 dias. Nesse período, há outro ciclo, que são os katunes, que se repetem de 20 em 20 anos. O último dia que encerra o ciclo de katunes é chamado de Ahau. Os números não seguem o sistema decimal, e seguem a seguinte ordem que forma um ciclo de treze: 8, 6, 4, 2, 13, 11, 9, 7, 5, 3, 1, 12, 10. No total, 260 anos, que voltam a se repetir ao final do ciclo. Para simplificar, as datas e seus acontecimentos de alguma forma são reprisados, com poucas variações: ciclos de abundância, de pobreza, de triunfo, de ambição, de luxúria... Até que o dia 21 de dezembro de 2012, katun 13 Ahau, quando terão se completado os 5.125 anos da fundação do império maia. Nesse dia, ocorrerá um inédito alinhamento de astros. E a roda da história vai se perfazer. O Chilam Balam registra em sua primeira parte o início da saga da tribo xiues, da saída da região de Nonoual no Katun 3 Ahau (de 849 a 869 d.C.) até que se estabeleceu em Chacnabitón, no Katun 5 Ahau (1086 a 1106 d.C.). Os europeus apareceram com a praga da varíola, que os descendentes maias assinaram como sendo katun 2 Ahau (1500-1520). O último katun (as derradeiras ocorrências históricas) registrado do Chilam Balam se dá no katun 5 Ahau (entre 1599 e 1618) quando o governador Diego Pareja realizou um censo demográfico. O derradeiro katun é o 3 Ahau, de 1618 a 1638, sem nenhuma ocorrência anotada. Os textos restantes do Chilam Balam são os mais interessantes porque contêm as agora famosas profecias, que descrevem o "fim do mundo", como derretimento da Terra, o derramamento da seiva das plantas e a ressurreição dos mortos. Isso depois de um período de ambição, luxúria e desmesura. Diz o profeta: "Virá o apressado arrebatar bolsas e a guerra rápida e violenta dos codiciosos ladrões: esta é a carga do katun para o tempo do cristianismo. A gente da Flor de Maio (os maias) terá grandes misérias, grandes padecimentos, terá o grande Itzá, Bruxo-da-Agua. No dobrar do katun deste décimo terceiro 8 Ahau cairá o poder dos Halach Uiniques, Chefes dos grandes Itzaes, Bruxos-da-água. Mas não por completo acabará a gente da Flor de Maio, porque no 9 Ahau emparelhar-se-ão escudos, emparelhar-se-ão flechas, até quando o Katun se encerre totalmente". Como qualquer texto cifrado e sagrado, este também dá vazão à fantasia. Há pelo menos um fato concreto. Os descendentes atuais dos maias interpretam o profetizado Juízo Final como o recomeço do calendário maia, e o retorno aos valores puros do princípio dos tempos. O homem não será mais levado pela ambição e um virá um katun em que dominarão a liberdade, a igualdade e a fraternidade. O cataclismo de 2012, se houver, terá consequências éticas. E assim por diante na eterna roda dos katunes. Quem sabe novas eras de trevas ao infinito... Se o longa 2012 fosse seguir à risca as profecias dos oráculos maias, teria que repetir os episódios de uma forma nauseante e anticinematográfica. De qualquer modo, como um bom enredo de filme catástrofe, os herdeiros dos maias desejam, também eles, um final feliz. Assim, de acordo com eles, o pânico é relativo. Talvez a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil, já na pós-história maia, aconteçam sob a nova lei da felicidade. Isso se eu estiver interpretando o katun e o Ahau de forma precisa. Seria muito injusto para o Povo do Ipê Amarelo não realizar a sua vocação universal. (Luís Antônio Giron )