GRAMPOS MOSTRAM DELEGADO DENUNCIADO FALANDO SOBRE PROPINA

PAULO MELO CORUJA NEWS

Grampos mostram delegado denunciado falando sobre propina

Operação Vortex, do MP do Paraná, denunciou 23 pessoas na quinta (15).
Investigação diz que policiais recebiam para não fiscalizar irregularidades.

Do G1 PR, com informações da RPC TV
 
Grampos telefônicos obtidos com autorização da Justiça pela Operação Vortex, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), mostram um dos delegados denunciados pelo Ministério Público do Paraná conversando com outra pessoa sobre o funcionamento do esquema que envolvia o pagamento de propina para livrar lojas de autopeças e desmanches das fiscalizações policiais.
O MP apresentou na quinta-feira (15) denúncias contra 23 pessoas - sendo quatro delegados, 15 investigadores, um agente de apoio e três comerciantes. Segundo as investigações, uma quadrilha com objetivo de conseguir dinheiro de comerciantes do setor de ferro-velho, por meio de corrupção, atuava na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV).
As denúncias apontam que havia um esquema de cobrança de propina paga por donos de lojas de autopeças e ferros-velhos para que policiais e delegados não denunciassem irregularidades como o comércio de peças roubas e sem notas fiscais. Segundo o Gaeco, a média mensal de arrecadação com propina era de R$ 30 mil, chegando a R$ 50 mil em algumas ocasiões. Foram citados na denúncia três delegados que passaram pela DFRV - Anderson Franco, Marco Antonio de Goes e Gerson Machado -, além do ex-chefe da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio Público Luis Carlos de Oliveira.
 
Na gravação obtida com exclusividade pela RPC TV, Gerson Machado conversa com outra pessoa sobre o esquema.
“E aí o chefe lá da divisão queria que eu liberasse para os caras para cortar carros. Os caras ofereceram R$ 70 mil por mês, e ele queria que eu pegasse o dinheiro para deixar os caras cortarem carros, entendeu?”, diz o delegado. Em entrevista na manhã desta sexta-feira (16), porém, ele apresentou outra versão.
“Que fique bem esclarecido aqui para a opinião pública, que em momento algum eu fiz qualquer denuncia no papel contra o delegado geral, ou contra o divisional. Os policiais sempre estão trazendo informações para o delegado de polícia, e aí, os donos de ferros-velhos, através dos investigadores de polícia, estavam sempre mandando propostas no sentido de que a delegacia não os fiscalizasse. E houve uma proposta, por parte dos donos de ferro-velho, que eles se propunham a pagar R$ 75 mil por mês, desde que nenhum ferro-velho fosse vistoriado. Eu me recusei a fazer esse tipo de coisa, razão pela qual eu fui transferido”, disse Machado.
O então chefe da divisão mencionado na conversa grampeada, Luis Carlos de Oliveira, negou qualquer participação no esquema. “Não existe nada que comprove a minha participação em esquema criminoso. Nunca recebi nenhum dinheiro de loja de autopeças ou qualquer outra pessoa. Nunca houve nada disso, essa pessoa está mentindo”, se defendeu.
A corregedoria da Polícia Civil informou participou de diligências da investigação do Gaeco, e que vai analisar a conduta individual de cada um dos denunciados. A corregedoria não descarta, ainda, a possibilidade de afastamento dos envolvidos. Já a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) não informou quando irá se pronunciar a respeito do caso.